20.7.04

A paz de espírito não tem preço

Quando uma pessoa da classe média vê um anúncio a uma campanha de solidariedade pode sempre pensar para consigo "Não tenho dinheiro para isso, afinal amanha tenho de pagar a luz, o gás, o adsl, o carro e os canais todos da tvcabo". E assim a inércia fica atribuída a esta desculpa sem que permaneça réstia de culpa.
 
Agora, uma qualquer pessoa que pertença à lista dos 100 mais ricos (quem diz 100 diz 10 000) do país como é que faz ? Será que quando vê uma campanha dessas na televisão começa a assobiar ou a falar sobre o tempo ? Ou que quando vai na rua e avista um banca da associação dos amigos dos bombeiros a dizer "deixe o que puder", muda rapidamente de direcção ?
O que podem estas pessoas fazer para não ficarem com um peso na consciência ?
 
Proponho uma solução. Acrescentesse no boletim do IRS um quadradinho com a seguinte inscrição ao lado "Devido a ser absurdamente rico, pretendo ser aliviado do facto de não ter justificação para não dar dinheiro a quem precisse". E assim o funcionário das finanças lá tratava de reter os bens às pessoas que usassem este serviço e ainda podia pensar "é sempre um prazer contribuir para a paz de espírito das pessoas".
Alternativamente, como penso ser capaz de suportar esse fardo que vem com a riqueza, proponho outra solução. Fazer uma empresa que forneça tvcabo livre de anúncios de solidariedade e mapas da cidade com a localização das diversas campanhas de solidariedade. Como medida profilática, que nunca se garante protecção anti-solidariedade a 100%, oferecer aos clientes um pack de vídeos e revistas com o dia-a-dia de Bill Gates ou Abramovich. Assim qualquer magnata luso poderia pensar "bem ainda não tenho um nível de vida que me permita contribuir para terceiros, quando for realmente abastado pensa-se nisso".
Vou ficar rico.
Já tenho slogan para a empresa: " a paz de espírito não tem preço ".
 
Isto é só para os 10 000 mais ricos, todos os outros continuem a contribuir.
 
 
 

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