17.7.04

Devagar, devagarinho as coisas vão mudando. O maior problema não será o facto de mudarem mais ou menos depressa, mas, claro está, se mudam para melhor ou para pior. Esse devia ser o grande critério para se tomarem decisões, para se mudar de atitudes.
 
Recuando uns anos atrás, por altura da eleição de António Guterres para o seu primeiro mandato, as aspirações dos portugueses seriam de ter um nível de vida que convergisse para o da união europeia.
Depois do impulso dado pelo governo de Cavaco Silva, seria altura de ir mais além, transformar betão em qualidade de vida, aliar desenvolvimento industrial a bem estar social. Como oposição competente, o PS apresentou Guterres como alternativa. A sua inteligência era muito enaltecida, tinha qualidades que de facto poderiam ser úteis ao país. Penso que algumas delas o foram.
Acho que essas eleições foram as últimas em que existiu confronto democrático interessado no desenvolvimento do país, com o mínimo de preocupação em que o que se dizia tivesse nexo e as políticas tivessem até (bons velhos tempos) coerência.
 
Devagar, devagarinho as coisas lá mudaram e agora temos Santana Lopes e Paulo Portas como principais governantes do país.
Se não nos cabe avaliar a legitimidade da presença de Santana Lopes no cargo, sempre podemos reflectir sobre a coerência do seu discurso, sobre como pensa ele adaptar o país à conjuntura internacional para que a possamos aproveitar, sobre o que ele acha ser o seu dever enquanto governante. 
Apesar de nada nos ser apresentado de concreto, estas questões, que me parecem ser basiliares, não podem deixar de ser colocadas.
 
Não olhando a questões partidárias mas apenas à qualidade dos intervenientes do jogo democrático de antes e de agora, acho que este é um desses momentos em que, comparando com o passado, se possam tirar conclusões concretas, sobre o que queriamos na altura, o que temos agora e o que fazer daqui em diante. É que o país não se governa em automático.
 
 

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