15.2.06

Liberdade de expressão sob ataque ?

Liberdade de expressão sob ataque ?

Tomei a liberdade de, perante as recentes manifestações anti-cartoons, que se repetem um pouco por todo lado, pensar sobre o assunto.

Não conhecendo na totalidade os cartoons, do que vi ainda em Setembro fiquei com a ideia de que claramente se ultrapassaram os limites impostos pela não agressão à sensibilidade dos outros, a qual tento tomar por tão valorosa quanto a minha e, portanto, defendo.
É uma questão objectiva, a da relação íntima que cada pessoa tem com a sua religião. Pelo menos uma crença de tal magnitude, deverá ser.
Eu, a fazer qualquer comentário sobre o assunto na altura, iria discordar da publicação dos cartoons e pareceria-me oportuno que o jornal em questão fosse alvo de alguma acção cível.
Hoje, depois de publicações, manifestações, novas publicações, novas manifestações, penso o mesmo.

Significa isto que não serei sensível à violência que prolifera alegadamente à custa dos cartoons ?
As repetidas acções de fanatismo, atentados suicidas, emulações, às quais fomos habituados ao longo dos anos, levam-me a não estranhar as recentes manifestações. O que, obviamente, não significa que com elas pactue. Não sinto é a necessidade de assinalar a ligação entre as manifestações e os cartoons.

Não me parece que a causa, a motivação, para as manifestações sejam os cartoons. E disso se têm indícios quando as manifestações ocorrem apenas passados alguns meses da publicação inicial e após ajuntamentos de fanáticos algures no médio-oriente. A causa reside na vontade de meia dúzia de dirigentes islâmicos de fazer estragos (vulgo terrorismo) alimentada pela repressão a que muitos povos árabes têm sido sujeitos.

Assim temos dois problemas diferentes, o da publicação dos cartoons, que em estados democráticos não é um bicho de sete cabeças, resolve-se, e o fanatismo de alguma população árabe, o qual também se deve querer resolver.

Acho que é um passo em falso o que se dá ao afirmar que é preciso defender a liberdade de expressão das investidas de alguns árabes, porque na essência das manifestações não residem os cartoons. Não devemos fazer disto ponto de honra, mas tentar isso sim perceber o que leva essas pessoas a seguir meia-dúzia de malucos, e qual a contribuição que poderemos dar para que deixem de sentir essa necessidade.

1 comentário:

Carlos disse...

so quando as pessoas perceberem que a liberdade é algo essencial e a defendermos como tal, é que este tipo de maluqueiras colectivas vao deixar de existir.