25.2.05

A cruz

Fui votar outro dia.
Tantas pessoas e tão indiferenciadas, não dava para saber nada sobre as intenções de voto de cada uma. Nada. E à medida que cada uma entrava, assim ia decrescendo o peso do meu voto.

"Ei Ei Ei EEEIIII!! tu aí! onde julgas que vais ? Mas isto é a zara ou quê ?!?! Aqui somos selectos ! Deixa-me ver as riscas das tuas sapatilhas! o quê ?!? estás-me a dizer que por hoje ser domingo andas de sapatos !?! Arre, que mi'nervo moço! Assim não entras. Não vês que és uma pessoa feia ?!"

"Vá! vá! vá!, vocês aí nesse magote domingueiro tão cinzento, toca a recuar, a recuar, vá, em marcha-atrás, portinha fora, ´'tá tudo lá fora, tudo lá fora"

Claro que as urnas deviam fechar todas após o meu voto. Assim, senti-me indignado, só fui votar de tarde, dei um bom tempo de avanço a todo o país e, no entanto, quando estava a sair, continuava tudo a tentar estacionar o carro dentro da escola para exercer o dever.
As pessoas só acreditam que uma coisa vale a pena se tiverem de esperar numa bicha de carros, pelo menos durante 20 minutos. O norte-shopping com os seus 30 minutos de espera em média ganha às eleições legislativas, que, na minha freguesia, rondam apenas os 20 minutos para enfiar o carro na escola e exercer cidadania. É por isso que norte-shopping há sempre, é mais importante, tem bichas maiores.
Estou tão amargo.

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